Desde

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7.5.10

Pausa prum cafezim

Elera uma daqueas dona do interior, lá do do sul de Mins, daqueas boazinha, que começava a falá e num parava mais. Mes sem assunto, ela inventava (doença, causo, história, receita, famia) purque divia acha bem chique tê sempre motivo pra proseá. Onti ea tinha quemado e rachado os pé tudo purque jogô um produto pá lavá os piso que tinha ácido e esqueceu de ponha as chinela. Com cinqüenta ano e déis fi, trabaiava purque gostava. Tinha trabaiado a vida intera. Num tinha geladeira e nem fugão a gaiz, cuzinhava até hoje com lenha e panhava ela mes com o machado, as coisa que pricisava ficá fresca, durmia du lado di fora da janela. Mas os fi era já tudo casado. Tinha enfermero, técnico em administração, prefessora e lavrador, uma bondade. A fia, uma veiz, namorô um cantor de sertanejo que mora lá em Lavras, mas ela falou cus dois que aquela história num havia de dá em nada: ele era rico e ela era pobre, mió terminá e ficá só com a mizade mes. O marido, coitado, de tanto trabaiá na roça tinha partido no mei. O dotô disse que de tanto puxá terra o sangue tinha vindo pra boca. Tinha tido um pobrema de nervo (ele era um homi muito nervoso) e despois uns tumor (na boca, na garganta e perto dos pulmão). Num andava direito e num pudia alimentá porque cume fazia muito mal prele. Era uma difildade, sá! Um rim num fucionava mais e o coração era inchado de chaga, muito grande...

Ainda bem, porque pra aguentar tanta tristeza e ainda assim conseguir ser feliz, só mesmo com um coração que valha, no mínimo, por dois. Eu fui embora antes do próximo assunto (ou da próxima catástrofe), mas fiquei com a sensação de que tem interior em que o tempo demora tanto a passar que as pessoas até envelhecem mais rápido. "Êta vida besta, meu Deus."

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