Desde

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23.2.11

Entrou na agua é pra se molhar

Tentando entender um pouco o mecanismo do medo: tudo bem a gente ter medo de encontrar um tubarao em mar aberto; aceitavel até em uma praia qualquer, mas nao em uma piscina.

18.2.11

Conjugaçao Verbal

Quase todos os verbos variam de intensidade: acariciar, brincar, cantar, dar, escrever, falar, gostar, hesitar, iluminar, jogar, ler, morder, navegar, ouvir, perder, querer, rir, sentir, ter, usar, valer, xeretar e zangar. A gente pode acariciar de leve. A gente pode brincar um monte. A gente pode cantar bem alto. A gente pode dar o quanto (e o que) quiser. A gente pode escrever quase nada. A gente pode falar pelos cotovelos. A gente pode gostar de todo mundo. A gente pode hesitar sempre que tiver duvidas. A gente pode iluminar o infinito com os olhos. A gente pode se jogar. A gente pode ler varios livros ao mesmo tempo. A gente pode morder devagarinho para apreciar. A gente pode navegar pra sempre. A gente pode ouvir mais do que falar. A gente pode perder muitas coisas para encontrar outras. A gente pode querer mais do que a vida. A gente pode rir até morrer. A gente pode sentir mais do que qualquer outra pessoa. A gente pode ter tudo aquilo que quiser. A gente pode usar todas as coisas do mundo, mas nao as pessoas. A gente pode valer cada segundo da nossa existencia. A gente pode xeretar até onde a nossa curiosidade nos levar. A gente pode, por fim, se zangar quando alguém faz isso com a gente.


Mas existem também os verbos de intensidade invariavel: Nascer. Amar. Morrer. Nao se nasce aos poucos, nem se nasce muito. Nao é possivel morrer um pouco, quanto menos morrer demais. E amar? Amar a gente ama. Se é pouco nao é amor, se é demais é doença. Dessa invariabilidade depende o equilibrio do verbo viver.

17.2.11

Patch Work

Com o uso, as roupas se desgastam. Com o uso indevido, inevitavelmente, algumas peças se rasgam... e ai fica dificil costurar porque por melhor que seja a costureira, o remendo nao sera nunca o original. Mesmo que engane aos olhos dos outros. Mas o mais dificil de esconder é quando essas coisas acontecem do lado do avesso da gente. Um coraçao em frangalhos nao tem alfinete, estilista ou alfaiate que de jeito.

Saco de Choro

Nunca pensei que fazer a gente chorar pudesse ser um presente de aniversario, mas é. E daqueles mais preciosos. Amiga, te amo!


Quando vi que já era dia 16... fiquei lembrando da nossa história, das nossas histórias, das crises de riso, das cervejas, das cachaças, dos runs, dos vinhos, dos gatoredes de banana atômica divididos às gargalhadas. Do espanhol mal falado, da crise alérgica, do dia nublado que o dedo no vidro do carro fez ficar azul, do tarado educado que invadiu o nosso quarto, dos pagodeiros que tive que aguentar, da velha encarquilhada cantada pela Mafalda na cantina da Letras, da dificuldade de entender o ultrassom do meu filhote, das bolinhas que catei durante anos rindo e xingando ao mesmo tempo, da preocupação que eu tinha quando você virava a vela do barco contra o vento e o enfrentava de peito aberto, do seu bom humor inesgotável, da mulher que se tornou, da amiga que sempre foi. Obrigado. Feliz aniversário! Tudo de bom. Ju

8.2.11

Burrinha

Nao consigo entender a confusao que a gente faz no computador tentando organizar as coisas, o fato é que eu nunca consigo encontrar o que eu procuro e sempre encontro uma coisa que nao procurava. Cada click é um flash (de memoria): uma nova surpresa escondida em cada pasta. Devo confessar que na maioria das vezes a surpresa é boa, até porque se fosse ruim nao estaria em uma pasta chamada "Caixinha de Musica" ou "Algodao Doce", mas em uma chamada "Lixeira". Enfim, em uma das minhas "Pastas Encantadas" encontrei uma lembrança muito gostosa. Elogio é sempre bom, mas é duas vezes melhor quando vem de alguém que nao tem o habito de faze-lo, pelo menos nao para voce (e nao é à toa que existe sempre um "mas"). Era a historinha do burrinho Sete-de-Ouros, escrita pelo Flavio Campos, transformada em versos por mim e ilustrada pelo Bruno Campos. Quando reli, me emocionei. No prefacio, estava escrito assim:



A origem deste Burrinho Sete-de-Ouros

A estória deste livro não é original; na verdade, é uma mistura de duas outras estórias. A base principal é um poema de literatura de cordel que meu avô, Ernani Menescal Campos, trouxe com suas memórias de cearense quando veio estudar, no início do século passado, na Escola de Minas de Ouro Preto (circa 1915). Vinte e poucos anos depois ele contava esta estória para o meu pai, ainda em verso. Só que na versão original o protagonista não era um burro, era um cavalo; não tinha nome, era só o “Cavalo Velho”; o cavalo falava, e sua redenção após a prisão dos macacos não foi resultado de um arrependimento espontâneo do dono da fazenda; pelo contrário, o cavalo negociou com o dono da fazenda um acordo: se prendesse os macacos, voltaria a ser bem tratado.

Trinta e tantos anos depois meu pai contou a mim e aos meus irmãos a estória do cavalo velho, que era, de todas as estórias de dormir, a minha preferida; e quando eu, vinte e poucos anos mais tarde (circa 2003), já tinha esgotado todo o repertório das estórias clássicas para fazer minha filha mais velha, Luiza, dormir, me lembrei da estória do cavalo velho e resolvi recontá-la, com algumas adaptações. Assim, transformei o cavalo em burrinho e o batizei Sete-de-Ouros em homenagem explícita ao burrinho pedrês do Guimarães Rosa (primeiro conto do livro Sagarana), na esperança de que a lembrança desta estória um dia anime minhas filhas a ler esta obra-prima da literatura mundial. O resto – o fato do burrinho não falar, o amigo passarinho – foi inventado para preencher lacunas do original em pontos de que eu já não me lembrava mais.

A estória fez um sucesso extraordinário com a Luiza e, depois, também com a Laura. Então resolvi fazer da estória um livrinho (isso foi há uns dois anos atrás) para dar de presente às meninas. Pedi ao meu irmão Bruno, padrinho da Luiza e desenhista genial, que fizesse as ilustrações. Primeiro ele não quis, “faça você, você que é o pai e desenha legal etc.”. Depois aceitou e, como sempre, ficou obcecado pelo projeto. O sujeito ficou um ano só na concepção do burrinho; após milhares de versões e variações, ele finalmente chegou a uma forma definitiva pro bichinho; faltava o texto.

Escrevi o texto em prosa, tal como eu contava a estória para as minhas filhas (meu pai também havia me contado a estória em prosa; os versos originais se foram com meu avô, lamentavelmente). A versão definitiva em prosa contou com a revisão de três autoridades: um dos mais brilhantes comunicólogos de Minas Gerais (Márcio Valle Diniz) e seus filhos Mariana e Adriano, que deram ótimos toques para ajudar a melhorar a construção da estória. Mas o Bruno teve a brilhante idéia de mostrar o texto para a Juliana, professora de português, editora, escritora, que por sua vez teve a idéia ainda mais brilhante de transformar o texto de prosa em verso.

O texto em verso ficou maravilhoso, mas por um excessivo respeito às palavras da versão original em prosa, que ela preservou, incrivelmente, na sua quase totalidade, algumas passagens não ficaram totalmente equilibradas em termos, não diria de métrica, mas de ritmo, por assim dizer. Assim, fiz ajustes aqui e ali, sem o pudor que a Juiliana teve, para ajustar o ritmo à leitura oral, que, pelo menos para com a Laura, vai continuar a ser a única forma dela curtir este livro nos próximos dois anos.

Então é isso: no final das contas, são autores deste livro: Anônimo(s) Cearense(s) e Mestre(s) de Cordel, Ernani Menescal Campos, João Guimarães Rosa (à revelia), Roberto Augusto Barbosa Campos, Flávio de Mendonça Campos e Juliana Ferreira; revisores, Márcio, Mariana e Adriano Diniz.  Mas as ilustrações são do Bruno.

Para Luiza e Laura.
Belo Horizonte,  2005.

O Dono da Bola

O homem esta na Terra ha milhares de anos. Sobreviveu a pestes, pragas, tempestades, terremotos, maremotos, frio, calor e até bomba atomica. Atravessou periodos de seca e de abundancia. Superou guerras, ditaduras e monarquias. Assistiu a queda e a formaçao de impérios. Alguém pode me explicar por que é que so agora que eu estou aqui eles resolvem acabar com o mundo? O pior de tudo, pela segunda vez...

4.2.11

Riminha Sem-Vergonha Com-Vergonha

Eu nao guardo rancor, eu escrevo... so nao tenho coragem de colocar na caixa de correio (e tem muito desabafo que nao cabe em e-mail).

3.2.11

Vai Juli, ser felice in questa vita!

Quando eu nasci, um anjo desses bem renascentista me pegou no colo e alisando meus cabelos me disse: nesta vida voce vai sofrer muito, vai acreditar nas pessoas, vai quebrar muito a cara, vai se decepcionar, vai fazer e perder amigos e com eles vai chorar e sorrir, vai querer respostas, vai perder as palavras e depois de muito, muito procurar, caminhar, trombar e cair, vai aprender a ser feliz. Deste dia em diante "non smetterà mai"!