Desde

Desde

1.12.11

Mulher de Aquario

Recebi um e-mail de uma amiga outro dia que falava das mulheres e seus signos. Estou até agora impressionada: acho que quem escreveu me conhece, e muito!
 
"Quando estão amando (veja bem, eu disse a-man-do mesmo) as aquarianas são extremamente fiéis. Pode confiar. Bem, mas não vivemos num mundo perefeito né verdade? Compensando sua dedicação, a aquariana é dotada de um alheamento e falta de emoção em relação às pessoas, que é de se apostar todas as suas fichas como ela não está tão afim de você. Mas ela está. Basta deixar que ela se envolva com sua deliciosa lista de 6 bilhões de assuntos que ela precisa pesquisar e descobrir. Bem como seus outros 6 bilhões de amigos (um em cada canto do universo). O maior erro que você poderia cometer na sua vida seria amarrar os pés das discípulas do vento, ao pé de uma cama. Acostume-se. Passe a encarar com naturalidade o fato de que ela pratica capoeira, lê livros em cima da árvore (não embaixo), e decide passar as férias trabalhando como voluntária da Cruz Vermelha. Lembra quando você a viu na TV amarrada na árvore que iam derrubar? Pois então. Achei normal. Ela é a única por onde passa a idéia de perseguir uma estrela cadente, enquanto todos os outros estão concentrados em realizar pedidos. E olha que eu ainda não cheguei no principal. A aquariana não pertence a ninguém porque ela é de domínio público. Elas insistem e precisam ser livres. No entanto, a pessoa que aceita os seus termos, terá sua profunda admiração e devotamento. Ela sabe que não é fácil. Devo dizer que paixão realmente não é o forte delas. Passam longde do que são as mulheres de escorpião. Serão como borboletas, imprevisíveis, vivendo de acordo com seu próprio código, em sua trajetória singular. No fim da história, ela sofre de um medo secreto de se apaixonar demasiadamente por alguém e acabar negligenciando o mundo e todas as outras pessoas que precisam ela, e vice-versa. Basta dizer que ela é a esposa perfeita para um piloto de avião. Seu temperamento, bem como o amor que dedica, é definidamente impessoal. A aquariana ama mais a humaninade do que o ser humano. Então elas não demonstram o que estão sentindo muito facilmente. As palavras com as quais elas expressam o seu amor são frustrantemente limitadas. Ela pode ser como um flamingo posudo e elegante nas mais diversas situações, mas em matéria de amor ela se transforma num ogro estabanado. É muito comum que ela viva confundindo amor e amizade tamanho seu desligamento com questões de espécies mais quentes, digamos assim. Há muita coisa linda e maravilhosa pra se ver por ai do que sua cara todos os dias. É dificil, eu sei. Mas se você está apaixonado por uma mulher dessas há de reconhecer: nunca você acreditou tanto em mágica como acredita agora. É nítido como as aquarianas realmente se destacam, não pelo brilho como as leoninas, pelo sucesso como as capricornianas ou pelo apelo irresistível das mulheres de escorpião. As aquarianas são a cereja do bolo simplesmente porque elas não fazem parte daquele lugar. Ela é internacional, onde quer que ela esteja. Não é ótimo? Você pode ter um produto importado, que prevê o futuro, sabe de tudo que está acontecendo e que ainda te ama nos dias em que você se sente menos amado. Tudo isso pelo preço de você não ser tão conservador e reservar sempre uma boa mente aberta."

27.11.11

Biblioteca Pessoal

O tempo nao cancela as nossas intençoes de amor, cria arquivos. Em cada arquivo, uma historia. Em cada historia, um pedaço da gente. Em cada pedaço da gente, um tanto de vida. Mas muitas pessoas nao tem tempo (nem paciencia) de organizar as proprias pastas e vive colecionando folhas soltas, anotaçoes avulsas e bilhetinhos confusos, por isso o coraçao vira uma bagunça. Com todos os falimentos e sucessos, no fim das contas, nos somos o resultado dos amores que vivemos.

26.11.11

Ponto final

Para sempre é o tempo que duram as historias sem fim. Mas é sempre bom lembrar que com o tempo, se nos nao terminamos com algumas historias, elas é que acabam com a gente.

25.11.11

Nem tudo é relativo

O unico problema do "para sempre" é que ele é cheio de "nunca mais".

30.10.11

Reuniao de Condominio

De que adianta falar cinco linguas se voce nao consegue entender o seu vizinho?

Lei de Mercado

Neste mundo existem dois tipos de coisas bem diferentes: algumas tem preço, outras tem valor. E preciso saber bem a diferença das duas se nao quer acabar ficando muito pobre... de espirito.

Atlantida

Minha homenagem a Monterosso - Cinque Terre


Eu conheci uma cidade que nao existe mais. Isso é tao triste...

29.10.11

E se eu me chamasse Raimundo?

Nos ultimos dias meu coraçao esta batendo um pouco descompassado, acho que ele pegou o ritmo do mundo. Ou talvez eu esteja so me sentindo muito cansada, ansiosa e preocupada, como quase todo mundo. Uns chamam de estresse, outros de panico, eu chamo de doença da falta de tempo, esse virus da modernidade que ja contaminou mais de meio mundo...

17.10.11

Era uma vez...

Alguém avisa pra Cinderela que sapatinho de cristal também quebra o salto?

13.10.11

Chatice

De tanto ouvir as pessoas reclamando a gente reclama delas e fica todo mundo igual.

11.10.11

Esta na hora de rever seus conceitos

A humildade é daquelas coisas diretamente proporcionais a inteligencia. Mas por que é que essa regra geralmente nao funciona? Porque as pessoas que geralmente julgamos inteligentes, na verdade...


"O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma."  
Albert Einstein

Conto mole pra boi dormir

Jeca Tatu tinha uma vaca, um gato, um jacaré, uma galinha, um papagaio, um cavalo e uma andorinha. A vaca foi pro brejo. O gato pardo, de noite, subiu no telhado. O jacaré foi treinar nado de costas no rio de piranhas. A galinha, depois de encher o papo de grao em grao, foi acompanhar o pato e morreu afogada. O papagaio deu bom dia ao cavalo que passou arriado, mas como este era dado, nao quis nem mostrar os dentes. E a andorinha, tadinha, sozinha... nao durou nem uma estaçao.

Desmesurada

Sem a pessoa que a gente ama, até o menor dos quartos parece um buraco negro sem fim. A ausencia faz aumentar consideravelmente os espaços vazios, principalmente dentro da gente.

10.10.11

Deleta? Ok!

O desapego se manifesta em sua forma mais sincera no mundo moderno quando a gente deleta um numero de telefone da agenda do celular sabendo de ele nunca mais vai voltar pra la.

Orientaçao Vocacional

Eu me inscrevi na faculdade de Letras porque queria ser escritora e acabei virando cozinheira. Mas desconfio que, na verdade, minha maior vocaçao seja para arquiteta de castelos de sonhos em terrenos aereos delimitados pelo vento e estabilidos pelo desejo.

21.9.11

Politicamente Incorreta

Quando eu lembro daquela historia de que cada povo tem o governo que merece e depois penso em Berlusconi e nos italianos, sei nao, mas me da uma vontade, assim pequenininha, de rir... Seria bem comico, se nao fosse muito tragico.

Meu poeta maior

Homenagem a Pedro, amigo-poeta de imagens, sons e sonhos

Em carta a Maria Julieta: "Escreva, minha filha, escreva. Quando estiver entediada, nostálgica, desocupada, neutra, escreva. Escreva mesmo bobagens, palavras soltas, experimente fazer versos, artigos, pensamentos soltos (...). Não tenha a preocupação de fazer obras-primas, que de há muito eu já perdi, se (é) que algum dia a tive". Drummond, devo seguir mais seus conselhos. Devo escrever mais. Devo. Mais. O unico problema é que nao ando entediada, desocupada nem neutra. Talvez um pouco nostalgica... talvez um pouco Maria Julieta.

8.9.11

In é Out

A coisa mais fora de moda que ta tendo é querer estar sempre na moda.

Conselho de melhor amiga

Se beber, nao conecte.

Money que é good nos nao have

A pessoa que inventou o dinheiro era a pessoa mais sem criatividade de todo o mundo... como nao sabia fazer nada ou nao tinha o que usar como moeda de troca, resolveu padronizar seus valores em uma estampa feita em um pedaço de papel. A partir de entao acabou com a fantasia e a paz de muita gente.

7.9.11

Elefantinho Colorido

No meio da conversa ele disse: "Contrataram um funcionario novo, aquele menino de cor". Ela, sem pensar duas vezes: "De que cor?". Todos riram e continuaram animadamente a desfilar o argumento, sem dar muita atençao. Parecia obvio para eles, para ela nao era nada obvio. Piscou os olhos duas vezes, franziu um pouco a testa e tentou se lembrar de todas as cores de pessoas possiveis, mas eram muitas, tantas... Gente com a vida cor-de-rosa, gente azul, branca, amarela, parda, preta e marrom. Uma vez ela conheceu uma menina cinza, que tristeza. Tinha gente, ela mesma, volta ou outra, se via vermelha de raiva ou de vergonha. Bebeu um outro gole de gin-tonica gelado, piscou mais uma vez os olhos e respirou fundo. Era muito dificil essa tarefa de tentar explicar para alguém que so enxerga em preto e branco que maravilha é o arco-iris.

3.9.11

Aulas de Caligrafia

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, até ai tudo bem, as vezes o dificil mesmo é entender seus garranchos.


16.7.11

Politicamente Correta

Eu reciclo tudo, ultimamente tenho reciclado até e-mail velho.

11.7.11

Antes so do que bem acompanhado

Tem gente que morre de medo de ficar velho e sozinho, mas faz de tudo nesta vida para afastar as pessoas... Vai terminar como???

7.7.11

Criatorio

Galinha, porco, cavalo, cachorro, coelho, passarinho, peixe, borboleta, cobra, gato, avestruz, papagaio, filho e até juizo a gente cria. Problema a gente resolve.

Sindrome de Benjamim Button

Deve ser muito ruim nascer sabendo tudo e nao ter absolutamente nada para aprender todos os dias... O pior é que quem nasce sabendo tudo, com o tempo, emburrece e atrofia o pensamento e é por isso que o mundo esta transbordando de pessoas completamente idiotas.

Adagio alla Romulo Paes

Minha vida é esta: morar numa cozinha e viver fazendo festa!

Guinness

Se reclamar da vida fosse esporte olimpico, de todas as pessoas que treinam exaustivamente todos os dias, acho que eu conheço a mais indicada para ganhar medalha de ouro.

3.7.11

Grace Kelly Feelings


O mundo gira e a historia se repete.

27.6.11

Jogo de logica

A gente nao tem que tentar tirar a razao de quem nao tem razao.

20.6.11

Mantra

A expectativa é a mãe da decepção.
A expectativa é a mãe da decepção.
A expectativa é a mãe da decepção.

17.6.11

O Maior Segredo da Auto-Ajuda

Antes de pensar em fazer qualquer coisa para ajudar alguém, procure perceber se esta pessoa realmente quer sua ajuda ou se voce é mesmo a melhor pessoa para ajuda-la, senao, quem acabara precisando de ajuda é voce.

15.6.11

Meno Male

A unica coisa que nao passa é a certeza de que tudo passara.

Reino Perdido do Blablabla

No mundo das palavras nao ditas mora um infinito de possibilidades.

9.6.11

Tudo é relativo

Se voce caminha sempre olhando para baixo, é dificil que veja a beleza das estrelas. Pelo menos em outro lugar que nao seja refletida em uma poça de lama.

16.3.11

Celebremos o Hoje

Até cinco anos atras quase ninguém sabia bem o que era um tsunami. Até que uma grande onda atingiu a Tailandia e, ao vivo, aos olhos de todos, foram mortos nativos, turistas, crianças e animais. Nao existe ainda (e talvez nao existira nunca) algo que o homem possa fazer contra a furia da natureza. Agora, colpido o Japao. Um povo guerreiro, de sabedoria milenar, acostumado ao sofrimento, as quedas e a reconstruçao, das guerras e dos desastres naturais. Rigorosos, discipliandos e reservados, de repente se encontram expostos, escancarados aos olhos do mundo, dos curiosos. Olhando pelo buraco da fechadura, muito atentamente, conseguimos vislumbrar uma ou outra lagrima, fechando os olhos é possivel ouvir um grito de horror, um choro contido... mas a reaçao geral é de simples dignidade expressa no respeito pela dor, pelos mortos e pelo espirito de coletividade, dos minimos detalhes às grandes açoes, sem exagero, sem desespero, sem sensacionalismo. Todos nos sabemos que o Japao esta em uma area cismica e ha sempre aplicado todas as regras de segurança em suas construçoes. Ninguém gosta de prever o pior, nem mesmo o inevitavel. Agora, existe a ameaça nuclear, que além das dezenas de milhares de mortos abre feridas que se inflamam através de geraçoes atingindo todas as esferas de vida na Terra. 

Como se nao bastasse toda essa tristeza, existem os pequenos tsunamis de todos os dias, de pessoas que tem tudo para serem felizes, mas adoram inventar problemas e se vangloriar de suas tragédias pessoais. Como se fizessem uma competiçao diaria e cotidiana, uma especie de concurso universal de tristeza para saber quem sofre mais e com sua onda gigante de pessimismo conseguem destruir toda a felicidade que existe em volta, ou mesmo toda possibilidade de se plantar um jardim, que dira de colher uma flor. Como se nao bastasse a tragédia de ontem, essas pessoas estao sempre prontas a encontrar uma nova para agora e guardar na manga aquela de amanha. A essas pessoas eu gostaria de fazer um convite: em vez de se lamentar pelo que nao foi, celebremos o que é; em vez de chorar pelo que passou, celebremos as novas possibilidades; em vez de se culpar pelos erros passados, celebremos as proximas escolhas; em vez de tentar entender o que nao tem explicaçao, celebremos nossa criatividade; em vez de insistir em sofrer um pouco todos os dias, celebremos o hoje. Hoje! Porque o passado ja nao existe mais e o amanha começa daqui a pouco. Hoje é a unica coisa realmente nossa e que realmente existe, é o unico tempo no qual podemos viver e mudar alguma coisa. E se o presente é nosso, cabe a nos decidir o que fazer com ele: aproveitar ou repassar? Quer uma dica: sempre que sentir aquela vontade doida de reclamar, de chorar as pitangas, de remoer magoas passadas... ligue a televisao em um noticiario qualquer e va ver como esta a situaçao no norte da Africa; abre a janela e da uma olhadinha na esquina; liga para uma associaçao comunitaria, escolhida assim ao acaso, e ofereça ajuda. E, se posso me permitir mais um conselho, um ultimo: mire-se no exemplo daquelas mulheres japonesas.


15.3.11

Vergonha Alheia

Vergonha deveria ser uma coisa que se aplica na cara de algumas pessoas que nem botox. Altamente recomendavel para a sindrome de cara-de-pau, pandemia mundial.

14.3.11

Toda meia é um par

Eu tenho uma amiga que ficou tanto tempo com o armario de portas fechadas que agora nao tem nem gaveta para revirar.

10.3.11

Talvez

Talvez eles fossem mesmo muito diferentes. Talvez tudo passasse com o tempo. Talvez ela estivesse, mesmo, exagerando. Talvez ele estivesse, mesmo, dando pouca importancia. Talvez ela fosse muito exigente. Talvez ele fosse muito acomodado. Talvez estivessem apenas reproduzindo comportamentos. Talvez estivessem apenas descontando magoas. Talvez ele fosse traumatizado. Talvez ela fosse muito ousada. Talvez um amasse mais do que o outro. Talvez um dos dois nao soubesse o que era amor. Talvez nenhum dos dois. Talvez nao era aquele o momento. Talvez o momento nao chegasse nunca. Talvez faltasse paixao. Talvez faltasse decisao. Talvez ele era muito ocupado. Talvez ela era muito livre. Talvez ele estivesse decidido a nao querer. Talvez ela estivesse decidida e se jogar. Talvez fosse so uma questao de sinceridade. Talvez eles ainda nao soubessem, mas talvez este fosse, realmente, o grande problema entre eles... o talvez.

8.3.11

Saber é Poder

Este texto é para lembrar que a gente nao deve se acostumar. O segredo da felicidade na vida esta na capacidade de se admirar...

Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica insatisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.

23.2.11

Entrou na agua é pra se molhar

Tentando entender um pouco o mecanismo do medo: tudo bem a gente ter medo de encontrar um tubarao em mar aberto; aceitavel até em uma praia qualquer, mas nao em uma piscina.

18.2.11

Conjugaçao Verbal

Quase todos os verbos variam de intensidade: acariciar, brincar, cantar, dar, escrever, falar, gostar, hesitar, iluminar, jogar, ler, morder, navegar, ouvir, perder, querer, rir, sentir, ter, usar, valer, xeretar e zangar. A gente pode acariciar de leve. A gente pode brincar um monte. A gente pode cantar bem alto. A gente pode dar o quanto (e o que) quiser. A gente pode escrever quase nada. A gente pode falar pelos cotovelos. A gente pode gostar de todo mundo. A gente pode hesitar sempre que tiver duvidas. A gente pode iluminar o infinito com os olhos. A gente pode se jogar. A gente pode ler varios livros ao mesmo tempo. A gente pode morder devagarinho para apreciar. A gente pode navegar pra sempre. A gente pode ouvir mais do que falar. A gente pode perder muitas coisas para encontrar outras. A gente pode querer mais do que a vida. A gente pode rir até morrer. A gente pode sentir mais do que qualquer outra pessoa. A gente pode ter tudo aquilo que quiser. A gente pode usar todas as coisas do mundo, mas nao as pessoas. A gente pode valer cada segundo da nossa existencia. A gente pode xeretar até onde a nossa curiosidade nos levar. A gente pode, por fim, se zangar quando alguém faz isso com a gente.


Mas existem também os verbos de intensidade invariavel: Nascer. Amar. Morrer. Nao se nasce aos poucos, nem se nasce muito. Nao é possivel morrer um pouco, quanto menos morrer demais. E amar? Amar a gente ama. Se é pouco nao é amor, se é demais é doença. Dessa invariabilidade depende o equilibrio do verbo viver.

17.2.11

Patch Work

Com o uso, as roupas se desgastam. Com o uso indevido, inevitavelmente, algumas peças se rasgam... e ai fica dificil costurar porque por melhor que seja a costureira, o remendo nao sera nunca o original. Mesmo que engane aos olhos dos outros. Mas o mais dificil de esconder é quando essas coisas acontecem do lado do avesso da gente. Um coraçao em frangalhos nao tem alfinete, estilista ou alfaiate que de jeito.

Saco de Choro

Nunca pensei que fazer a gente chorar pudesse ser um presente de aniversario, mas é. E daqueles mais preciosos. Amiga, te amo!


Quando vi que já era dia 16... fiquei lembrando da nossa história, das nossas histórias, das crises de riso, das cervejas, das cachaças, dos runs, dos vinhos, dos gatoredes de banana atômica divididos às gargalhadas. Do espanhol mal falado, da crise alérgica, do dia nublado que o dedo no vidro do carro fez ficar azul, do tarado educado que invadiu o nosso quarto, dos pagodeiros que tive que aguentar, da velha encarquilhada cantada pela Mafalda na cantina da Letras, da dificuldade de entender o ultrassom do meu filhote, das bolinhas que catei durante anos rindo e xingando ao mesmo tempo, da preocupação que eu tinha quando você virava a vela do barco contra o vento e o enfrentava de peito aberto, do seu bom humor inesgotável, da mulher que se tornou, da amiga que sempre foi. Obrigado. Feliz aniversário! Tudo de bom. Ju

8.2.11

Burrinha

Nao consigo entender a confusao que a gente faz no computador tentando organizar as coisas, o fato é que eu nunca consigo encontrar o que eu procuro e sempre encontro uma coisa que nao procurava. Cada click é um flash (de memoria): uma nova surpresa escondida em cada pasta. Devo confessar que na maioria das vezes a surpresa é boa, até porque se fosse ruim nao estaria em uma pasta chamada "Caixinha de Musica" ou "Algodao Doce", mas em uma chamada "Lixeira". Enfim, em uma das minhas "Pastas Encantadas" encontrei uma lembrança muito gostosa. Elogio é sempre bom, mas é duas vezes melhor quando vem de alguém que nao tem o habito de faze-lo, pelo menos nao para voce (e nao é à toa que existe sempre um "mas"). Era a historinha do burrinho Sete-de-Ouros, escrita pelo Flavio Campos, transformada em versos por mim e ilustrada pelo Bruno Campos. Quando reli, me emocionei. No prefacio, estava escrito assim:



A origem deste Burrinho Sete-de-Ouros

A estória deste livro não é original; na verdade, é uma mistura de duas outras estórias. A base principal é um poema de literatura de cordel que meu avô, Ernani Menescal Campos, trouxe com suas memórias de cearense quando veio estudar, no início do século passado, na Escola de Minas de Ouro Preto (circa 1915). Vinte e poucos anos depois ele contava esta estória para o meu pai, ainda em verso. Só que na versão original o protagonista não era um burro, era um cavalo; não tinha nome, era só o “Cavalo Velho”; o cavalo falava, e sua redenção após a prisão dos macacos não foi resultado de um arrependimento espontâneo do dono da fazenda; pelo contrário, o cavalo negociou com o dono da fazenda um acordo: se prendesse os macacos, voltaria a ser bem tratado.

Trinta e tantos anos depois meu pai contou a mim e aos meus irmãos a estória do cavalo velho, que era, de todas as estórias de dormir, a minha preferida; e quando eu, vinte e poucos anos mais tarde (circa 2003), já tinha esgotado todo o repertório das estórias clássicas para fazer minha filha mais velha, Luiza, dormir, me lembrei da estória do cavalo velho e resolvi recontá-la, com algumas adaptações. Assim, transformei o cavalo em burrinho e o batizei Sete-de-Ouros em homenagem explícita ao burrinho pedrês do Guimarães Rosa (primeiro conto do livro Sagarana), na esperança de que a lembrança desta estória um dia anime minhas filhas a ler esta obra-prima da literatura mundial. O resto – o fato do burrinho não falar, o amigo passarinho – foi inventado para preencher lacunas do original em pontos de que eu já não me lembrava mais.

A estória fez um sucesso extraordinário com a Luiza e, depois, também com a Laura. Então resolvi fazer da estória um livrinho (isso foi há uns dois anos atrás) para dar de presente às meninas. Pedi ao meu irmão Bruno, padrinho da Luiza e desenhista genial, que fizesse as ilustrações. Primeiro ele não quis, “faça você, você que é o pai e desenha legal etc.”. Depois aceitou e, como sempre, ficou obcecado pelo projeto. O sujeito ficou um ano só na concepção do burrinho; após milhares de versões e variações, ele finalmente chegou a uma forma definitiva pro bichinho; faltava o texto.

Escrevi o texto em prosa, tal como eu contava a estória para as minhas filhas (meu pai também havia me contado a estória em prosa; os versos originais se foram com meu avô, lamentavelmente). A versão definitiva em prosa contou com a revisão de três autoridades: um dos mais brilhantes comunicólogos de Minas Gerais (Márcio Valle Diniz) e seus filhos Mariana e Adriano, que deram ótimos toques para ajudar a melhorar a construção da estória. Mas o Bruno teve a brilhante idéia de mostrar o texto para a Juliana, professora de português, editora, escritora, que por sua vez teve a idéia ainda mais brilhante de transformar o texto de prosa em verso.

O texto em verso ficou maravilhoso, mas por um excessivo respeito às palavras da versão original em prosa, que ela preservou, incrivelmente, na sua quase totalidade, algumas passagens não ficaram totalmente equilibradas em termos, não diria de métrica, mas de ritmo, por assim dizer. Assim, fiz ajustes aqui e ali, sem o pudor que a Juiliana teve, para ajustar o ritmo à leitura oral, que, pelo menos para com a Laura, vai continuar a ser a única forma dela curtir este livro nos próximos dois anos.

Então é isso: no final das contas, são autores deste livro: Anônimo(s) Cearense(s) e Mestre(s) de Cordel, Ernani Menescal Campos, João Guimarães Rosa (à revelia), Roberto Augusto Barbosa Campos, Flávio de Mendonça Campos e Juliana Ferreira; revisores, Márcio, Mariana e Adriano Diniz.  Mas as ilustrações são do Bruno.

Para Luiza e Laura.
Belo Horizonte,  2005.

O Dono da Bola

O homem esta na Terra ha milhares de anos. Sobreviveu a pestes, pragas, tempestades, terremotos, maremotos, frio, calor e até bomba atomica. Atravessou periodos de seca e de abundancia. Superou guerras, ditaduras e monarquias. Assistiu a queda e a formaçao de impérios. Alguém pode me explicar por que é que so agora que eu estou aqui eles resolvem acabar com o mundo? O pior de tudo, pela segunda vez...

4.2.11

Riminha Sem-Vergonha Com-Vergonha

Eu nao guardo rancor, eu escrevo... so nao tenho coragem de colocar na caixa de correio (e tem muito desabafo que nao cabe em e-mail).

3.2.11

Vai Juli, ser felice in questa vita!

Quando eu nasci, um anjo desses bem renascentista me pegou no colo e alisando meus cabelos me disse: nesta vida voce vai sofrer muito, vai acreditar nas pessoas, vai quebrar muito a cara, vai se decepcionar, vai fazer e perder amigos e com eles vai chorar e sorrir, vai querer respostas, vai perder as palavras e depois de muito, muito procurar, caminhar, trombar e cair, vai aprender a ser feliz. Deste dia em diante "non smetterà mai"!

27.1.11

La vem a noiva...

A gente pode ser ultra moderna, mas escolher o vestido de noiva (mesmo que ele seja todo colorido) deixa a gente super emocionada.

23.1.11

Dor de barriga

Tem gente que com coisas minimas conseguem fazer a alegria da gente por mais de uma semana. Ontem, estava conversando com um amigo sobre dor de barriga, falando dos alimentos que devem ser evitados, das alergias e intolerancias. Historias sobre leite, lactose, gluten... Enfim, com todo esse excesso de informaçao a gente chega a pensar que, no fundo, somos mesmo é intolerantes a comida. Ai o amigo me diz assim: "Mas acho que eu tenho é a sindrome do intestino irritavel. E quando ele se irrita, literalmente sai de baixo!". Depois dessa eu tive uma baita dor de barriga: de tanto rir!

22.1.11

Sorrisinho meio de lado

Sabe quando a gente compra uma roupa e ela é muito mais colorida, muito mais divertida e muito mais bonita do lado do avesso? Ou quando a gente usa uma calcinha velha de algodao com estampas de bichinhos? Ou mesmo quando nossa meia preferida tem um buraco bem na frente do dedao do pé? Funciona como se a gente tivesse um segredo delicioso todas as vezes que saimos de casa. E ainda tem aquelas pessoas que pensam que a gente ri a toa...

20.1.11

Casta Ecologica

Até para os animais existe a força do destino: se voce nasce golfinho, ta feito; se nasce sardinha, ta perdido!

14.1.11

Livre para sonhar

Se voce tem todas as respostas, nao precisa de fantasia. Sinto muito.